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As Asas do Condor


Durante muitos anos,o Condor se preparou para voar soberano pelos Ares, em todas as camadas; em todas as direções cobrindo longas distâncias, aproveitando para construir sua sabedoria...
Durante estas andanças, o mundo passou sob suas Asas e ele apenas observou, parecendo distante, porém utilizando-se de todos os seus sentidos apreciou cada detalhe em sua viagem .
Pela sabedoria,construída através dos tempos, tornou-se naturalmente conhecedor de todos os segredos...
Sob o que foi observado é que vamos falar...
Sejam muito bem vindos ..
O CONDOR....

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sábado, 7 de julho de 2012

Marcia Sininho um anjo que sorri...

Não gosto de ser o portador de más notícias, mas como uma sina isto sempre sobra pra mim...
De alguma forma me tornei um caminhante na montanha mágica e, isto fez com que as notícias sempre passassem por minhas mãos.
Mas sou um ser humano comum e nem sempre posso estar em mais de um lugar ao mesmo tempo, ainda que tente... então sempre algo escapa à minha razão e ao meu conhecimento. Como por exemplo a morte de minha amiga Marcia sininho, um ser que eu aprendi a admirar e a amar, da forma que ela amava a vida dela e a tudo que a cercava.
Marcia era uma mulher batalhadora que minimizava os sofrimentos como se eles fossem apenas obstáculos na vida e que ela tivesse que transpô-los sempre sorridente.
Na realidade Marcia gerou quatro filhos, deles três se tornaram Anjos sendo que Vitor foi um grande guerreiro. Em sua Curta história de vida, Vitor serve de exemplo pra muita gente que anda por aí desprezando a vida como se a vida não valesse nada. Vitor deu à vida o significado de valor e soube lutar para conseguir viver, até o momento em que Deus o puxou para seu lado.
Há pouco falei com Ziza e, agora, estou no alto da montanha tentando entender como a vida pode ser tão dinâmica ao ponto de sempre nos surpreender com a rapidez que tudo se passa.
Tenho em meu peito algumas preocupações, Marilda que anda às voltas com sua saúde, Marilia Turra que quer se encontrar diante da vida e precisa ser valorizada como mulher, Jessica, minha loirinha teimosa e tão querida que tem um coração de papel e que se amassa com facilidade. Marina Colet, uma mulher obstinada e que tem em sua frente um objetivo: vencer. Lea Conforti que se vira constantemente em Mãe, mulher e esposa, tentando sempre ser o Máximo em cada posição. Elaine Filipe que segura em minhas mãos para encarar o mundo de frente, sem o medo de ser feliz e, muitas outras pessoas, como Fanny Arce, que insiste em levar para sua casa o Altar que Iemanjá rejeita em aceitar como oferenda, mas que deve ser devolvido ao Mar...
Tenho junto ao meu peito milhares de orações e pedidos de mensagens que muitas vezes me sinto frustrado em não poder atender, porque tudo isto não depende de mim, por mais que eu me esforce.
Está frio, muito frio aqui na montanha e, resisto bravamente, com uma blusa de malha porque não esperava tanto frio de uma vez assim...
- Olá Caminhante...! Vejo que hoje seu fardo está bastante carregado... você sente este peso em sua vida?
- Não, não sinto o peso... Na verdade quando subo à esta montanha espero por tudo e sempre sou surpreendido, talvez por isto que não sinta o peso... mas apareça...
Uma gargalhada ecoa pela floresta, e no descampado uma mulher lindíssima de vestes longas e transparentes como uma deusa, abre os braços e corre em minha direção...
- Sininho!!!! É você????  Quem mais você acha que poderia ser?
E a gargalhada continua, me arrepiando ao sentir aquele longo abraço como se minha vida passasse sempre por aquele momento...
Não gosto de chorar... não porque tenha vergonha de um pranto, mas que não sinto o pranto como algo que possa resolver meus problemas, mas naquele momento me transbordo de emoção e sinto que minhas lágrimas correm enquanto recebo aquele abraço.
- Não se preocupe... chore, não se preocupe porque este pranto é preciso porque ambos precisamos dele, você para entender que meu mundo agora é aqui e eu para entender que a distância entre nós nunca foi tão pequena.
- Como foi bom encontrar você... melhor ainda encontrar você como Caminhante nesta montanha mágica...,
- Sabe, Léo, meu querido caminhante, muitas vezes eu li e ouvi suas estórias, mas agora estou às vivendo e entendo bem o que você sempre queria dizer... então tenho a dizer a você que tenho apenas quatro pessoas que gostaria que você enviasse uma saudação dizendo que estou bem e que em momento algum eu desisti de viver. Ao contrário, lutei com minha própria vida para não perder o bebê e não me contive e fui até além da morte para não permitir que ele se fosse.
- Não estou arrependida, mas agora sei que não dependia de mim... estou bem e sei que minha jornada é longa, mas sinto saudades, de minha comadre, de meu marido Marco, de Hugo... ah! Hugo como eu queria que você entendesse que eu não abandonei você para ir atrás de seus irmãos... Também gostaria que meu irmão pudesse sentir que é verdade tudo o que sonhei... O amor que nos uniu enquanto eu vivia agora é mais forte...
Dizendo isto ela se solta daquele abraço que parecia eterno, dá dois passos para trás, passa uma das mãos pelo meu rosto e, com o dedo indicador faz um sinal em minha boca como se fosse para que eu não falasse nada... Uma leve névoa se aproxima e uma voz infantil diz vamos Nanãe!... vamos... de longe posso ver Vitor e seus dois irmãos. Marcia sorri escandalosamente e maravilhosamente e diz até breve, diga pra Ziza que agora é com ela... ela me deve esta... não posso estar lá mas ela deve lutar pelo que eu lutaria.
Dizendo isto desaparece na neblina e me resta descer a montanha, secando alguma eventual lágrima que insiste em não parar.
Por que a vida se torna tão fantásticamente real quando não conseguimos entender que estamos vivos e dependemos dela pra ser feliz? Por que apenas diante da morte avaliamos a vida?
Talvez sejam perguntas que nunca devam ser respondidas, mas eu sempre as faço.

Léo S.Bella
07/07/2012

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