- Ingá Lemos, Caminhante, é uma mulher valorosa e de muita coragem. Porém como toda mulher sua fortaleza se dá no defender de seu território, no proteger sua família, no trato de suas coisas sempre cuidando para que o sofrimento do outro possa ser minimizado e, então suportado sem penas.
Então nesta tarde morna de inverno, quase início de primavera estou descendo minha montanha mágica em direção ao vale, em direção a entregar mais este bilhete.
Mulheres são deusas de si mesmo, meu amigo Caminhante, talvez por isto seja tão difícil entender a mística existente neste Universo.
É preciso refletir como a fragilidade de um gesto de doar amor e carinho incondicional pode ser tão expressiva diante da vida.
Inga está tentando de todas as forma que ela conhece afastar-se do horror da morte de seu filho Daniel. Tenta incessantemente lutar contra a dor que a saudade provoca em suas lembranças.
Então quem a atropela é o passado. Quem a assombra é o passado.
Quem manipula seus medos é o passado que rapidamente se transformou em futuro e ela tenta entender a doença que acomete seu marido. Achando que não lutou suficientemente contra a morte do filho e que agora precisa lutar para defender a vida de seu esposo.
Mas, caminhante, ela não é dona de todos os destinos, ainda que possa ser uma deusa por si mesma.
Seus atributos humanos e finitos é que lhe desencorajam a cada instante. Mas isto é uma questão de tempo e logo ela se recupera e conseguirá usar e utilizar a força do espírito de Daniel em prol de sua cotidiana.
Então meu caro Caminhante leve este recado à ela:
“Ingá não importa o sofrimento, pois o que realmente importa são os pequeninos momentos de felicidade que você propiciou à sua família e a todos os que conviveram com você estes anos todos.
Sua tarefa ainda não está cumprida então refaça seu fôlego depois de deixar rolar algumas lágrimas que tirarão fardos inúteis de suas costas.
Que Deus à proteja sempre.
Lute sempre, pela vida, ainda que a morte possa parecer um ato terminal.”
- Sabe velha senhora, nem sei o que dizer, mas vou entregar este recado à ela.
- Não me diga nada Caminhante... entregue este recado para Ingá Lemos.
Então nesta tarde morna de inverno, quase início de primavera estou descendo minha montanha mágica em direção ao vale, em direção a entregar mais este bilhete.
Léo S.Bella
05/09/2011
05/09/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário