Algumas poucas palavras de indignação por alguém que perdeu um filho assassinado

Arli:



Bom dia, meu filho Luis Fernand eram jovem feliz, que sonhava em dar o mundo,em mudar as leis, ee estudou com um garoto na oitava serie, em 2004, depoismudou de colégio, um dia encontrou com garoto na rua que lhe pediu um boné e um moletom emprestado pois queria suaoupa nova paa sair, então o Luis disse que não, o groto disse valeu, você vi se foder,passada ma semana, ele foi até minha casa e pediu cd emprestado, meu filh deixou ele entrar subiram pra sala de tv, o muleque colocou uma arma embaixo da camisa do me filho, na costas milho so gritou Waldemir para vcê é louco nisso ele atirou,mu ilho naõ tinha inimigos, era um jovem feliz, ele faleeu com hemorragia interna, e o assasino esta livre ate hoje, eu queria muito receber uma psicografia do meu filho mais, ate hoje não consegui, beijos fica com Deus








Eu gostaria de poder escrever para você algo de seu filho, mas tem dia que não dá.



Existem coisas que não tem explicações, por mais que se queira uma reposta , ela nunca é satisfatória.


Perder um filho pela violência gratuita é algo que dilacera o coração de qualquer mãe, ainda mais quando a violência impera gratuita e impunemente.


Este é o palco onde a impunidade desfila zombando de todos, destruindo lares, deixando muitas mães órfãs de filhos. Filhos aliás que poderiam estar produzindo e trabalhando para que este país não fosse apenas grande.


Eu nem tenho como me dirigir à uma Mãe que leva um golpe tão baixo, e tão certeiro.


Criar um filho para que ele seja assassinado e, seu assassino continue caminhando livre e impunemente, talvez seja o mesmo que condenar uma Mãe ao sofrimento eterno provocado pela maior das dores, enquanto o resto do mundo se diverte...


Não é fácil desenhar um cenário para que o sofrimento de uma Mãe seja entendido, até porque tudo nesta vida é muito subjetivo.


E, subjetiva também são as escolhas; e as escolhas estão sendo feitas pelas pessoas sem que haja uma preocupação com a própria existência e, isto num ambiente social, significa que estamos a caminho do caos.


Mas não há que se falar em caos, apenas. É preciso dizer que bilhões de livros e artigos e estudos culturais desde que surgiu o homem civilizado não prestarão nem pra limpar a bunda no futuro, pois a cegueira social não permite que se possa antever um futuro onde pelo menos as famílias sejam respeitadas.


Da facilidade de ser um rosto na multidão, nasceu a impunidade e, ela se tornou forte, através dos ardis utilizados pelos políticos, governantes e classe dominante para se protegerem e, ganhou força e foi coroada como imperatriz do cáos social pela ganância, pelo suborno fácil, pela total ausência de moral, pela ignorância do que seja moral e bons costumes.


Se, no entanto falarmos em espiritualidade e religiosidade, veremos que o que importa socialmente não é lutar abertamente para que se envide uma cruzada em prol da espiritualidade verdadeira, mas sim em prol da hipocrisia onde cada qual se esconde como pode atrás de penduricalhos, imagens, bíblias, patuás, colares etc, como se isto bastasse para conter a violência.


Mas o incrível disto tudo é que só se acorda para a existência real de algum Deus, quando a desgraça bate à porta; quando se perde alguém próximo, muito próximo, porque enquanto a violência estiver do outro lado da rua, a janela é sempre mantida fechada.






Hipocrisia!






Ola Arli, mãe de Luiz Fernando.


Só Deus é capaz de sentir todas as dores que você sentiu, e caminhar junto de você no inferno que você caminhou para suportar a dor da perda de um filho.


Perder um filho pode ser uma desgraça anunciada, porém na maioria das vezes pega as famílias todas desprevenidas e, o efeito disto não é imediato, pois somente com o tempo as coisas se acomodam. Muitos se entregam ao desespero e acabam descrendo da própria vida, outros se voltam para seus interiores e no afã de buscar uma compreensão acabam sendo consumidores de psicotrópicos para se sustentarem diante das síndromes que adquirem.


Assim ninguém ganha com isto, nem a espiritualidade, porque para que o espírito seja saudável, a vida tem que ser saudável.


Entre muitas vírgulas, pontos e conjunções, minha revolta é expressa da forma que sinto e que posso escrever, pois o importante não é a escrita, mas a forma que me comunico.


Minha querida, gostaria de ter o poder de trazer para você algumas palavras de seu filho Anjo, mas hoje não foi possível, talvez outro dia seja possível.


Seu coração de Mãe, no entanto, sabe que seu filho está bem e que entre você e ele, quem impera é o Amor. E, o Amor de Mãe é praticamente indestrutível quando é verdadeiro.


Que Deus a proteja, minha amiga querida e que você conte sempre com os filhos que ficaram ao seu lado.


léo     17/12/2009