Voce é capaz de julgar?

Nunca se deve avaliar pelas aparências, pois se pode incorrer em um erro brutal.
Os marsupiais não são as melhores mães porque dispõe de uma bolsa na barriga para cuidar dos filhotes; nem as tartarugas são as piores porque botam ovos na praia e abandonam o ninho, deixando que a natureza faça o resto.
Julgar pelas aparências é fácil, porque a imagem chocante fala mais alto e no calor do momento tudo pode significar uma coisa que nunca existiu.
Desta forma também tomamos atitudes diversas vezes durante o dia, sem prestar a devida atenção no que vemos e no que falamos.
Aos 16 anos Anielson vive um drama que diante de sua adolescência complicada ele crê que, não existe saída e que sua vida toda será para livrar-se daquele que ele crê seja um estigma maldito.
Seu pai alcoólatra, violento que se torna quando está sob o efeito do álcool, já lhe bateu com tudo o que se possa imaginar. As agressões nunca foram entendidas por Anielson.
- Ora, se meu pai pode beber e fumar, porque eu não posso. Eu fumo desde os dez anos quando houve uma briga no aniversário de Dinaura minha prima... Meu tio e meu pai brigaram e acabaram se machucando muito, devido as facadas que um deu no outro. Minha mãe foi separar e acabou sendo ferida.
Dias depois, os dois estavam bebendo juntos novamente, como se nada tivesse acontecido.
Neste dia Anielson, fugiu de casa para não ver a cena que o enchia de vergonha e até o fazia entrar em desespero porque não conseguia entender o gesto do Pai e, também porque já vira aquilo muitas vezes e não agüentava viver sem saber em qual momento tudo poderia acontecer.
Pode parecer que é apenas uma indefinição de um adolescente, mas é muito mais que isso é um momento onde a vida se mostra desafiadora e cobra uma decisão.
Para os adolescentes, tudo é hormônio, e a decisão ou disputa deve existir a qualquer momento, mas para eles o vencedor é aclamado, sem que exista outra peleja.
Quando Anielson se reuniu com aqueles garotos que se encontravam no morro, naquele terreno baldio tudo começou a mudar.
Ali ele aprendeu a fumar, e se drogar e achava que era o único caminho capaz de viver a ausência de carinho e amor de dentro de seu lar.
Aliás amor que ele interpretou como vontade de sexo. Sendo que se prostituia com os amigos, apenas para poder ter acesso à drogas.
Sua Mãe, Maria, diversas vezes o chamou e falou sobre as drogas, e que as drogas levavam à uma vida de crime, pois a abstinência levaria à fazer até loucuras.
Maria era evangélica e o Pastor Mauro, Mestre de obras de dia e Pastor à noite, estava vivendo seu terceiro casamento, tinha nove filhos e exercia uma grande influência sobre Maria... afinal era seu confidente.
Anielson que sempre ouvia a Mãe, como um bom filho jurava para si mesmo e para seu Deus que nunca mataria ou furtaria para obter drogas. Então, como a prostituição nunca fora questionada pela mãe, ele não se preocupava, continuava fazendo sexo muitas vezes ao dia...
Maria por sua vez, dependia do Pastor Mauro para organizar sua vida, já que seu marido, alcoólatra à abandonara, suspeito de traições.
E Maria gritava dentro de casa.
- Eu traí? Como trair se só vou até a igreja, não saio de dentro de casa. Minha vida é trabalhar e orar.
Anielson, então naquela tarde, ainda entorpecido pela maconha, chega em casa e vê sua mãe fazendo sexo com o Pastor. Ele parou na porta durante alguns segundos. Mas nem um dos dois o notou.
Então ele se dirige ao seu quarto e se enforca...
Somente foi descoberto, já no início da noite pela Mãe...
Ela desmaia e o bondoso e caridoso Pastor Mauro, a coloca no carro e a leva ao hospital.
Enquanto ela é atendida pelo médico de plantão, chega o corpo de Anielson.
O médico se esforça para salvar vidas e não é diferente com Maria, mas ele sabe que ela não está inconsciente, porque há movimentos em suas pálpebras, então respeitando a dor da mulher , diz à enfermeira:
- Faça apenas um sorinho para ela relaxar, coitada... Perder um filho, ninguém merece esta dor.
Sobre uma maca, no setor de emergência, está o corpo de Anielson.
- É meu dever diagnosticar a morte.- diz o médico consciente de seu dever.
- Enfermeira, ajude-me aqui.
Termina a autópsia, e se dirige para casa.
Antes porém para o carro na beira da estrada, e chora, chora muito, por ter sido impotente para salvar uma vida, e ao invés disto teve que atestar a parada de uma vida.
Todos os anjos tem olhos e bondade para entender o que realmente acontece além do que se pode ver.
Então os Anjos que deveriam consolar e suportarem as dores da mãe de Anielson, juntam-se com aqueles que deveriam abrir caminho para Anielson na nova vida e se dirigem para junto do médico e choram.
Todos abraçados e irmanados numa batalha diária, onde hoje, quem perdeu foi a Vida...
O que muita gente não é capaz de entender que nem tudo o que se vê ou se sabe é o que basta para julgar.
Não basta imputar ou querer descobrir de quem é a culpa, pois o que está feito não se desfará, mas issto é uma questão de foro íntimo, quiçá de espiritualidade.
Mãe e filho merecem a vida que levaram e os fins que justificaram os meios? Quem se atreve a responder?
Porém, nada disto é importante para a vida, até porque a vida não se faz apenas com a participação de um suicida e de uma mãe ausente, mas da influência que eles possam ter na vida das pessoas.
Atentos , os Anjos não se preocupam em acusar mãe ou filho, eles se preocupam apenas em proteger o médico...
Protegê-lo para que ele nunca desista de lutar pela vida.
Reflitam, meditem, comentem e dêem exemplos se forem capazes, a final a Vida nem este Blog se faz sem sua participação.

Léo S.Bella 22/11/2009