Uma estória antiga

Uma estória antiga... uma cantiga...

Dorme nenê que a cuca vem pegar...

Quantas vezes você recitou...
Quanto você sonhou...
E agora com as mãos vazias aquece a alma na chama de uma vela que chora o filho perdido...
Mas não se perca tentando entender sua história ou mesmo a trajetória do tempo que a trouxe até aqui.
Recite este verso para tentar galgar mais um degrau que ascende à Luz.
Não tema sentir o que somente você pode sentir, porque não existem duas mães para o mesmo filho...
Da mesma forma que a vida é única as Mães também são únicas em suas alegrias, conquistas e sofrimentos.
Mas não é necessário sofrer por quem partiu.
É preciso entender que a unicidade se faz por todas as Mães. Pelos sentimentos, pelas verdades, pelas mentiras, pelas volta e revoltas, pelos sentimentos, pelas amizades e pelas tristezas ou alegrias.
Cada momento único faz parte da unicidade.
Creio que isto é o que dá um ar especial para que se possa viver sentindo que se vive ao mesmo tempo uma vida individual e uma vida coletiva.
Sem deixar que a explicação tome conta deste texto, ou que ele se torne piegas; ao terminar a leitura e, antes de tentar falar a próxima palavra em sua vida, respire fundo e sinta-se viva para não perder a oportunidade de se calar.
Quando você se cala, não cala seus sentimentos, você apenas emudece para que vozes outras e alheias à sua vida venham interferir na sua forma de sentir o que somente você pode sentir.
Uma mãe não pode sentir o próprio filho como as pessoas querem que ela o sinta..., até porque ninguém sente nada pelo filho alheio... e são capazes de rir quando veem uma Mãe acalentando o filho morto com a cantiga “Nana nenê que a cuca vem pegar...”. Afinal louco não é quem faz, mas quem observa e não consegue entender.
Coloque de vez seus sentimentos no lugar que eles devem ficar ao invés de ficar tentando ensinar a alguém sentir o que você não consegue sentir.
Se tudo na sua vida, entretanto for grandioso e merecer ser aproveitado, divida-se em milhões de pedaços e doe-se sem cobrar nada e sem querer determinar os caminhos de alguém. Talvez assim você possa aprender alguma coisa antes de falar a próxima palavra.

Léo S.Bella   21/08/2012