Não me incomoda nem sinto necessidade de desvendar o Mistério da Santíssima Trindade, onde Deus é Pai, é Filho e Espírito Santo. Aliás, desta forma tudo pode ser visto na natureza.
Tudo é tríduo.
Tudo se sustenta com três pés, ou tripé. Tudo para ter solidez e estabilizar é preciso ter pontos distintos; entenda também, que diante das infinitas possibilidades no Universo, três pontos determinam uma única reta.
Isto é mais que geometria, é uma maravilha, uma das maravilhas da Natureza que podem produzir efeito prático em sua vida.
Então, pensando sobre isto, cheguei ao ponto mais alto de minha montanha Mágica onde vim reabastecer de energias, meu corpo cansado pelas caminhadas diárias.
Aqui é um lugar de paz, de harmonia, onde o vento sopra cada momento de uma forma diferente, parecendo entender que cada ser humano é diferente de outro e portanto precisa de um tipo de brisa, ou vento, ou ventania.
É um lugar abençoado também, porque faz parte da minha vida e da vida de todas as pessoas que tiverem disponibilidade para chegar até aqui.
Tudo que faz parte da Natureza, faz parte da espiritualidade e, de Deus também. Interessante é que se confunde com muita facilidade o que é espírito e o que é matéria.
Se não tomarmos cuidado com nossas análises, e com o que seguimos ou o que captamos, ou conquistamos como conhecimentos, acabaremos ficando confusos por não distinguir o que faz parte da matéria e o que faz parte do espírito.
É preciso atentar bem para o fato de que nesta vida, o Espírito é o conteúdo material que depende da matéria (corpo humano).
Através da Matéria o espírito consegue aprender, acumular energia vital para sua próxima vida além da morte.
Através da Matéria, também o espírito consegue desenvolver-se e desvencilhar-se das armadilhas materiais. Estas armadilhas materiais, aliás, são formas pelas quais o aprendizado se dá, ou seja se energiza o espírito.
Então, de certa forma estamos chegando ao ponto da vida humana que o homem dirá: A matéria depende do espírito, pois sem vida espiritual não há vida material. Tentar gerar um ser sem cérebro é impossível. E, o cérebro é um apêndice necessário para ancorar juntos espírito e matéria.
- Olá Caminhante!
- Olá Agostinho! – por que você não gosta que eu o chame de Santo?
- Porque você não me vê como Santo. Me vê como um igual. Me vê da forma que sou e que vivi, questionando tudo e todas as coisas de meus Deus. Eu não tive moleza para entender a vida, nem pela santidade de minha Mãe, porque mais a vejo como Mãe também. A condição de santidade foi atribuída à ela (assim como a mim) pela Igreja e pela interferência dos múltiplos milagres que dizem que fizemos.
- Mas você fez milagres? – eu pergunto tentando extrair do santo algo mais que algumas palavras apenas.
- Eu fiz minha obrigação, como você faz a sua, como minha Mãe fez a dela. Sabe meu amigo caminhante eu a vejo mais como Mãe, aliás apenas como Mãe. E dentro de todos os atributos que todos atribuem à ela, eu ainda sei que ela é muito mais do que isto, porque como Mãe, teve muito trabalho para cuidar de mim.
- Mas, não é sobre isto que devo falar com você. E, nem é sobre isto que você veio até aqui, no Alto da montanha para refletir.
- O que acontece, meu rapaz, que noto um certo desânimo estampado em sua face.
- Não é nada. Apenas cansaço. Estou um tanto cansado de lutar e carregar pessoas e suas dores para todos os cantos e, minha vida parece cada dia mais complicada. As coisas materiais, não tem mais sentido pra mim. Não me importo com uma boa casa, um bom carro, poder sair e divertir em férias. Não me importo mais com estas coisas. Eu sei que pode ser reflexo de meu trabalho que envolve atender muita gente, mas muitas vezes nem penso se estou me alimentando ou não.
- Você quer parar com suas atribuições? – pergunta o santo.
- Eu não sei dizer pra você se quero ou até se estou cansado demais para responder esta pergunta. Mas acho que estou decepcionado é com as pessoas.
Minha jornada de trabalho chega às vezes a vinte horas diárias, isto todos os dias, e, quando olho sobre a mesa, só vejo contas à pagar. Contas e mais contas que foram contraídas pela missão que tento desempenhar. Alias não sei se uso meus dons da forma mais correta.
- Eu entendo o que você quer dizer. É difícil eu sei. Eu também vivi este estado de penúria. Alias muitos atribuem a minha santidade à isto. Mas creio que não foi por isto não, talvez tenha sido pelo Amor que sempre dediquei ao próximo, Certo que questionei muito Deus, mas ele sabe que sempre foi por uma boa causa.
Mas, meu amigo caminhante, quando você descer esta montanha outro dia o esperará e, quanto às contas, sinto mas não sei como você fará com elas.
Eu não uso dinheiro nem sei administrá-lo.
Porém uma coisa posso lhe adiantar “Deus não é para ser compreendido, mas adorado”. Então incomode-se em fazer a tua parte, porque o resto é incumbência de Deus.
Tome, leva este bilhete e entregue-o, porque estas palavras estão fazendo falta para que a alegria volte à esta casa.
Como sempre, Agostinho, apesar de ser rude é ao mesmo tempo gentil e prestativo, e, acho que me deu algum ânimo para recomeçar minha caminhada que está ficando cada dia mais difícil.
No bilhete que recebi das mãos de Santo Agostinho estava escrito assim:
“Olá Claudia, filha de Eudado G .Martins. talvez estas palavras pertençam à você:
Não te sintas abalada em tua fé, pela partida de teu pai. Há muito ele sabia do risco. Até tua mãe sabia do risco. Mas não te importe pelos riscos.
Veja que em tuas mãos sobraram dez de todos os teus dedos. E, estes todos devem unirem-se quando tu postares tuas mãos para orar pela tua Fé.
De ti, nada foi arrancado.
Muito pelo contrário, tua saúde está boa para que cumpras tua missão.
Sentir culpa à esta altura de tua vida é algo que não faz parte de tuas verdades então, não te preocupes, porque tu fizestes tudo o que poderia, Amar. E, a ti só foi pedido o Amor e tu o cedestes junto com tuas verdades.
Além do Amor, tu não podes interceder porque não é Deus.
Alias, teu destino é Amar a teu Deus, da mesma forma que ele te Ama e, não interceder ou assumir a culpa por algo que não te cabe.
Que Deus a proteja, minha filha, e não te abandones pranteando quem mora dentro de seu coração.
Agostinho”
Estou descendo a montanha como sempre desci, mas ao longe posso divisar a fumaça preguiçosa saindo da chaminé do fogão de lenha. Que coisa tranqüilizadora e harmoniosa, e ainda há quem diga que estão poluindo o planeta, mas nem automóvel eles tem.
Muitas vezes tenho que rir da situação embora alguém sempre ache ruim meu sorriso, porque o entendendo com zombaria ou escárnio, mas eu o entendo como um dom que Deus me deu. Quanto mais riu, mais meu sorriso aparece. RS.
Boa noite à todos.
Léo
Meu Recado de hoje: ”Não tenho obrigação de carregar interpretação de vida, nem mau-humor de ninguém. Também não tenho obrigação de entender o sonho de ninguém. Cada um sonha como pode e da forma que quer, eu, prefiro vivê-los. E, desta forma sou livre para exprimir minhas emoções, porém nunca vou deixar que elas interfiram entre o meu tripé, ou meu tríduo. Eu, minha família e minha Fé.
Léo S.Bella 10/03/2010
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