Talvez fosse a madrugada mais fria de todos os tempos, sendo
aquecida pela vela que chorava lentamente o corpo estendido sobre a mesa da
sala...
Um fim de noite comum para muitas almas, mas especificamente
para aquela Alma que agora repousava coberta com um pano branco, era um momento
de passagem...
Estranhamente uma
leve pressão sobre o peito dos presentes, feita pelo silêncio e pela chegada do
amanhecer, aumentava pouco a pouco.
Ninguém sabia o que era nem porque. Mas o certo é que fosse
pela chegada da hora do sepultamento, que aquele momento se tornasse mais
opressivo... e incomodasse tanto...
Ninguém queria acreditar que o Sol estava nascendo para mais
um dia e esta alvorada de alegria significasse tanta tristeza para os que ali
estavam reunidos.
Não era uma reunião comum... Talvez um dia todos nós tenhamos
que participar de uma reunião assim.
Se não por vontade própria, pelo que exige um último momento... Uma despedida.
A vela continua queimando lentamente e seu chorar escorre de
um único lado. O pavio quase não se movimenta.
Parece estar no compasso daquela vida que não flui mais...
E agora Deus? O que fazer????
Para quem acredita em Deus é uma pergunta possível de ser
feita, embora uma resposta seja impossível de ser ouvida. Afinal Deus não
fala... mostra caminhos...
Mas e para quem não acredita em Deus... que não tem sequer
uma religião ou segue alguma doutrina que pergunta deverá fazer?
Este é o momento entre o possível e o impossível e, diante
dele o que se chama de milagre da vida não existe mais...
É aterrador... é assustador que a vida termine abruptamente
e sem continuidade... Mas pode ser assim...
É preciso refletir também, enquanto se vive, sobre a
existência ou não de um Deus.
Para que se possa entender se a verdade está nas coisas naturais, ou na forma mística como é explicada a natureza muitas formas de ver e de sentir existem dentro do homem
como os deuses e demônios. E, participam
da vida humana como um elemento de equilíbrio entre o certo e o errado, entre o
saber e o não saber... criando um terceiro tempo na vida: o Possível, o
Impossível e o Milagre...
Enquanto a vela continua chorando eu continuo com meus
pensamentos que vagam pelo tempo e que amadurecem enquanto a minha vida vai se
desenrolando.
Mais alguns dias estarei dentro dos sessenta anos. Nunca
esperei chegar tão longe... talvez por isto parece que foi ontem que nasci e
que tudo é muito novo pra mim...
Talvez a existência de Deus esteja atrelada à saúde humana.
Talvez as doenças é que deram origem à um Deus. Da necessidade de ser curado nasce a Fé em algo superior.
Talvez as coisas divinas sejam meramente humanas e, não mais
que isto.
Porém, no derradeiro momento de vida sempre se procura
entregar-se à um Deus na esperança de ser amparado em outra vida.
Minha questão não é existir ou não um Deus ou uma outra
vida.
Minha questão é porque as pessoas que tem uma vida inteira
pra pensar sobre isto se voltam para o problema apenas quando precisam e no
momento em que a saúde lhes falha.
Quer me parecer que neste processo a Saúde é determinante na
vida humana. Então por que não acordar
pra ela?
Pense nisto porque do jeito que você continua fumando, e se
drogando, e se embriagando, a sua saúde vai embora mais rápido e você vai ficar
dependendo de um Deus que não sabe se existe.
A vela não chora mais. A sua chama extinguiu seu próprio choro
queimando todo o pavio... Assim como na vida não restou nada...
Cada ser presente no enterro parece ter enterrado dentro de
si uma semente. Uma semente que para tudo valer a pena tem que existir uma
outra vida.
Mas qual o sentido prático de uma outra vida...???
Será que a taturana, após desenvolver-se em borboleta terá
uma outra vida também? Ou tudo isto é coisa de humanos?
A mensagem deste texto não é destruir o credo de ninguém, e
sim fazer com que as pessoas REFLITAM
porque a simplicidade da vida
esconde a complexidade do Universo.
E que todas as pessoas que acreditam ou não em Deus devem
ter a chance de viver, existir e serem aceitas socialmente, porque o pior dos Demônios
é a Descriminação.
Ao final, a mesa que
sustentou o corpo inerte iluminado pela vela que chorou, agora sustenta a refeição
de todo dia naquela casa.
Não vejo sentido algum você querer saber minha opinião sobre
o que foi escrito neste texto, mas vejo a importância de você ter oportunidade
de se expor como ser humano e sobre um
assunto tão pouco comentado... Afinal e o motivo da guerra Santa, a pluralidade
de credo e religião.
Léo S.Bella
05/09/2012
05/09/2012
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