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As Asas do Condor


Durante muitos anos,o Condor se preparou para voar soberano pelos Ares, em todas as camadas; em todas as direções cobrindo longas distâncias, aproveitando para construir sua sabedoria...
Durante estas andanças, o mundo passou sob suas Asas e ele apenas observou, parecendo distante, porém utilizando-se de todos os seus sentidos apreciou cada detalhe em sua viagem .
Pela sabedoria,construída através dos tempos, tornou-se naturalmente conhecedor de todos os segredos...
Sob o que foi observado é que vamos falar...
Sejam muito bem vindos ..
O CONDOR....

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domingo, 30 de janeiro de 2011

Quem morreu? Eu ou Você?


Quando a morte te levou, levou contigo parte de mim e,  muitos sonhos que ainda não tinham sido sonhados.
Quando a morte te levou, foi parte de mim que enterrei e, naquele instante senti que o caixão lacrava parte de minha vida.
De todos os momentos, aquela despedia foi a pior, porque eu não acreditava que estivesse vivendo aquele dia. Achava que ele fosse um pesadelo e que a qualquer momento eu seria acordado por você.
Mas era você que entrava em sonho eterno, nunca mais acordaria porque agora pertencia ao tempo...
Tentei entregar-me ao tempo por inteiro pra morrer ligeiro, mas não consegui ir além de me perder sem noção, em tanta emoção.
Não mais de 24 horas se passaram, e minha vida parecia ter corrido milhares de anos e, agora eu sofria na tentativa de esquecer logo aquele dia, mas nunca esquecer de sua fisionomia.
Fiquei esquecido em um canto qualquer, perdi minha identidade de homem ou mulher... perdi a vaidade, perdi a esperança de refazer a vida, ou mesmo colocá-la novamente nos trilhos, porque havia perdido um filho.
E na distância acabei me perdendo de mim e outros milhares de anos caminhei sem rumo pelas noites bebericando, tentando cair, tentando esquecer, tentando deixar de viver.
Nunca busquei a morte, mas não queria mais viver.
O cansaço que senti era um fardo muito grande para que eu o carregasse sozinho.
Então um dia, numa estrada deserta, depois de ter me embriagado com todas as lágrimas do mundo, caminhando cambaleante, encontro de frente um cortejo. Um funeral. Era o filho de alguém eu pensei... era mais uma mãe que estava abandonada por Deus... e que doravante teria que caminhar perambulando pela vida na tentativa de que o tempo passasse e, então ela pudesse se encontrar com o filho em um outro lugar.
Quando o cortejo pára, pára o tempo para os que o acompanham, mas não pra mim... Porque não sinto nada mais que o sol castigar minhas costas.
Diversas orações e todos parados sob o sol escaldante e, parece que ninguém se importa com o calor do tempo. O tempo então parece divido em dois: o tempo que eu vivo e o tempo que eles vivem.
São velocidades diferentes, são sofrimentos e sensações diferentes que acontecem num mesmo lugar, num mesmo espaço.
Quando a morte te levou, levou junto a noção que eu tinha de um tempo bom. E, a partir daí, passei a sentir a vida vivendo a emoção dos outros acompanhando silenciosamente as conquistas dos filhos dos outros e, assim minha vida segue, atrás do caminho que ando...
Sei que nem eu, nem a vida tem razão, mas nosso destino é um só... a morte...
Mas ainda não sei bem e preciso tentar viver para entender naquele dia de seu funeral que morreu foi eu, ou foi você?


Léo S.Bella

2 comentários:

Arlene disse...

Léo, querido amigo
Seu poema evoca a minha vida, seu poema retrata a minha vida, seu poema É a minha vida.
Me tocou profundamente sua inspiração ao tratar nossas dores de mãe.
Saudades.
Arlene

o Condor disse...

muito obrigado pelo comentario, minha querida Arlene mãe do sempre campeão Peterson