Uma esperança ou, uma aliança com o destino...

São muitas as finitudes em uma vida. São tantas que nos acostumamos a Isto e nem percebemos que a essência da vida se baseia nas finitudes.

São ciclos. É como se existissem uma vida dentro da outra e assim sucessivamente. E, tudo isto, diga-se de passagem proveniente de um indivíduo único, em sua origem.

Mas não sou investigador de origens, nem o conhecimento desta origem afetaria minha vida hoje, alias não tenho nada a ganhar ou a perder com este conhecimento se ele se desse um ainda.

É certo que tudo se deve ao eterno movimento e, este movimento somente pode ser percebido ou medido através do tempo, então o tempo se torna um indivíduo indispensável para tudo nesta vida.

Então posso dizer que o único elemento que acompanha todas estas incontáveis vidas umas dentro das outras, (ou gerações como queiram) é o tempo.

Eu estava sentado na porta da lanchonete, saboreando uma maçã, quando uma taturana caminhando pelo chão me chama a atenção.

Vou até ela e ela continua sua caminhada em direção a entrar na lanchonete.

Penso com meus botões, mas não vai entrar mesmo. E, rapidamente, a empurro para longe da porta.

Ela se enrola toda aguarda alguns segundos e novamente empreende sua caminhada em direção a porta da lanchonete.

Novamente eu a empurro , desta vez com mais forma e ela vai cair na sargeta, onde fica enrolada e, eu penso acho que agora a matei....Vou obsrva-la bem de perto e ela esta imóvel, como se morta estivesse.

Volto à minha cadeira e retomo meu afazer de saborear a maçã.

Quando vejo que ela se recompôs e já sobre pela guia e toma a calçada em direção à porta da lanchonete.

Desaforo, além de tudo se fingiu de morta para que eu não a percebesse viva. Mas ela não sabia que com seus dez centímetros de comprimento seria facilmente vista quando fosse atravessar a calçada.

Então levanto e pego uma vassoura no afã de joga-la desta vez mais longe, ou seja para o outro lado da rua onde existe uma árvore e foi de lá que ela provavelmente veio.

Parece que estou jogando golf e, a lanço bem longe.

Terminei a maçã e entro para buscar outra e quando chego perto da porta lá vem a taturana caminhando pela calçada em direção à porta da lanchonete.

Boto a vassoura na frente dela ela se desvia da vassoura, e retoma o caminho em direção a entrar na lanchonete.

Mas ela não vai entrar mesmo, eu penso. E parece que ouço:

- Mas eu vou entrar mesmo.

Não sei se taturanas tem almas, ou espíritos, mas sei que tem essência, pois é de suas essências que nascem as borboletas. Mas minha lanchonete não é floresta nem nascedouro de borboletas.

De qualquer forma entre um pensamento e outro, o tempo corre e ficamos naquele impasse, eu jogo a taturana para fora e a taturana se dirige em direção a porta da lanchonete , sempre obstinada a entrar.

Seria muito mais fácil eu pisar em cima dela e acabar com o dilema, mas entre outros motivos aquela disputa territorial estava se tornando interessante.

Não é possível que a taturana seja desprovida de inteligência, pois ela sempre dava um jeito de volta ao seu intento inicial e, parecia incansável como se soubesse o que estava fazendo.

Creio que ela estava se sentindo importante até por encarar uma briga com um ser centenas de vezes maior que ela. Mas como ela saberia que eu não iria pisar em cima dela e acabar de uma vez com aquela disputa?

Na verdade nem sei se ela sabe disto ou se ela apenas é movida pelo instinto.

Novamente ela se aproxima da porta da lanchonete , mas desta vez eu não a empurro pra fora e fico observando o caminho ela chega bem perto da soleira e, ao invés de entrar, caminha paralelamente até encontrar uma pequena fresta na lateral da parede onde com muito esforço consegue subir e acomodar-se.

Sabe minha vida é mais de observar a natureza do que de interagir com ela de alguma forma, então muitas lições eu tiro disto.

Eu poderia ter ficado rico, talvez milionário arrancando madeira das árvores que encontrei durante minha vida, porém preferi sempre dar a volta e seguir meu caminho, no entanto chego à uma altura de minha vida, onde deveria estar seguro e bem financeiramente, mas não carrego mais do que algumas roupas e alguns livros , mas agora neste momento de embate com a pequena taturana, me senti realmente enriquecido espiritualmente, por poder entender e sentir o espírito de luta daquela pequena criatura.

Talvez eu nunca consiga descrever o acontecimento com palavras, porque não sou bom nisto, mas de qualquer forma estou muito feliz por ter vivido isto.

Afinal a vida é finita, e todos os bens que eu pudesse ter angariado apenas me serviria pór agora e não para quando eu fizesse a passagem.

Desta forma eu vejo muitas pessoas que se dizem regiliosas, ou espíritas , ou evangélicos, correrem diuturnamente e sempre através de bens e de dinheiro para poderem se sentir vivos; Se lhes falta férias, ou uma viagem, ou uma festa ou um carro novo na garagem, elas perdem o chão e o sentido da vida.

Mas não vou condená-las até porque acho que são umas coitadas porque vivem encarceradas dentro de suas vidinhas medíocres , sempre pisando nas taturanas, e nunca as observando.

Quem não vive, e não observa, não saberá dar valor ao sofrimento alheio, nem aos bens que tem e sempre haverá de ridicularizar a sabedoria alheia...

Mas , não sou sábio, sou apenas amigo do Tempo que tenta vivê-lo e tê-lo como cúmplice enquanto esta vida continuar, porque não haverá sofrimento maior do que chegar ao fim da vida e não saber que lado seguir.

Uma taturana não é um ser qualquer, logo será uma crisálida e renascerá alada para provar ao mundo que a vida é muito complexa e cheia de encantos do que se pode supor.

Mas poucas pessoas darão valor à isto, porque nunca tentara mover uma taturana da direção de seu destino.

Quando estou em minha montanha mágica caminhando entre os que partiram observo que muitos serão esquecidos nos primeiros seis meses, outros serão pranteados eternamente, mas entre os dois extremos , ou as duas formas de agir, eu acredito que os homens ainda não sabem o verdadeiro sentido da vida, por isto tripudiam tanto a natureza.

Estou um tanto ausente da Internet, porque estou muito sentido com a natureza dos homens que gostam de viverem de frases prontas e milagrosas e se escondem atrás de suas incapacidades como se estas fossem qualidades.

Por enquanto vivo entre a confecção de meus amuletos que estão ganhando no mundo outros continentes.

Quem quiser pode deixar recado ou falar comigo por email – diretodafazenda@yahoo.com.br

Forte abraço à todos.

Léo S.Bella    28/04/2010

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