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As Asas do Condor


Durante muitos anos,o Condor se preparou para voar soberano pelos Ares, em todas as camadas; em todas as direções cobrindo longas distâncias, aproveitando para construir sua sabedoria...
Durante estas andanças, o mundo passou sob suas Asas e ele apenas observou, parecendo distante, porém utilizando-se de todos os seus sentidos apreciou cada detalhe em sua viagem .
Pela sabedoria,construída através dos tempos, tornou-se naturalmente conhecedor de todos os segredos...
Sob o que foi observado é que vamos falar...
Sejam muito bem vindos ..
O CONDOR....

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

História de um grande Amor

História de um grande Amor...

O meu por ela...

Eu me sinto sentado à beira de uma ponte e um rio caudaloso passa por baixo.
No entanto a correnteza não é de água, mas de letras, palavras e frases.
Então o que leio parece não ser meu futuro, mas uma visão do passado que nunca tive.
É difícil explicar nunca ter vivido um passado e revivê-lo. Mas é assim que são as sensações quando se pretende viver tudo o que a Mente pode lhe permitir.
A coisa é atemporal. Todo tempo é um único tempo e, desta forma os sentidos se calam para que a voz interior tome vida e as sensações sejam parte da realidade.
O mundo virtual é a realidade espelhada pelo futuro refletido no passado. É uma realidade interior com força intensa e capaz de modificar o meio ambiente pelos efeitos que produz.
Então, enquanto penso e reflito sobre estas coisas. Tudo a minha volta se transforma em natureza e meu presente é viver o passado...
Há alguns anos, ou melhor, agora estou sentado dentro de um cercado cheio de coqueiros e bananeiras onde fiz um galinheiro.
São aproximadamente 167 galinhas. Ou, melhor, com certeza são 167 galinhas.
Eu tenho certeza porque é quase fim do dia e a Val já deu o toque pra galinhada ser recolhida. Lenta e preguiçosamente as galinhas vão se juntando cada qual em seu canto.
As que botam procuram seus ninhos, as outras, seus poleiros e, as mais jovens, procuram outras para se encostarem e se aquecerem durante a noite.
A Atmosfera é tranquila, levanto e dou uns passos dentro do galinheiro esticando a coluna, tirando e recolocando o chapéu pra refrescar o suor da tarde quente, como se quisesse recolocar com estes movimentos idéias novas dentro de minha cabeça.
Mas não tem jeito estamos vivendo um dos piores anos de nossas vidas.
Anos difíceis, o início dos anos 2000.
Tivemos talvez tudo para desistir...
Uma grande força nos detém para não abandonar tudo por falta de dinheiro, casa, comida e um canto para morar. Agora o que nos resta é o favor de morar nesta casa em construção, enquanto nossos sonhos perdidos e quebrados tentam serem redescobertos...
Mas é difícil... de propriedade o que nos sobrou foram 4 cachorros  e 167 galinhas criadas a partir de alguns ovos e uma galinha chocadeira que ganhamos.
Meu trabalho, no momento é arte... é escultura  em madeira, é fabricação de ornamentos, broches, brincos e adornos com sobras de madeira que são catadas no lixo de uma serraria.
Mas isto não é suficiente para pagar a conta de luz, então para economizar o gás, queimamos o que sobra dos pedaços de madeira para cozinhar o que conseguimos no quintal.
Mas não comemos as galinhas, elas são nossas companheiras e a Valdeci as chama de colegas.
As galinhas, ao contrário do que todas as pessoas acreditam, são seres sensíveis e inteligentes.
Basta conviver com elas e perceber que são trabalhadeiras e que cuidam de seus filhotes com muito esmero.
Uma galinha é incapaz de dormir e deixar um de seus pintinhos ao relento. Ela o abraça e os esconde sob suas asas e ali transfere a eles, calor, amor e segurança.
Talvez o amor que sinta uma galinha seja diferente do Amor humano apenas pela forma de demonstrar, mas em muitos momentos é muito mais zelosa do que uma mãe humana.
Certo dia cheguei ao galinheiro e fui verificar os bebedouros, para recolocar uma água fresca. Olhei em volta e vi todos os pintinhos caídos no meio do galinheiro tinha uns 50 pintinhos todos caídos de lado imóveis como se estivessem mortos por algum tipo de choque.
Olhei para o céu tentando entender se era porque o Sol estava quente, mas logo vi dois gaviões pairando há uns 30 metros de altura sobre o galinheiro em posição de ataque... Eu fiquei muito irritado com aquilo e apanhei uma espingarda e dei alguns tiros em direção ao ar, na tentativa de espantar os gaviões.
Assim que eles foram embora, as galinhas que estavam escondidas na sobra deram um tipo de canto diferente e todos os pintinhos ao mesmo tempo se levantaram e correram para suas mães...
A partir daquele dia eu percebi e vi que quando um gavião se aproximava, a galinha com um tipo de canto diferente ordenava que eles caíssem onde estavam e que se fingissem de mortos para serem preservados e não serem mortos pelos gaviões que somente comem caça viva.
Isto é mais que instinto de preservação. É uma forma de entender o que seja Deus e sua organização dentro do mundo animal.
Consumíamos seus ovos, mas não as matávamos, porque a idéia de matá-las doía muito mais do que a fome dentro de nós.
Cada dia que passava mais as galinhas faziam parte de nossas vidas e assim aprendi bastante observando o trabalho de Valdeci cuidando e guardando as galinhas, incansavelmente, todas as tardes.
Havia um outro galinheiro, um cercado que era como se fosse uma maternidade, e onde havia um fogão de lenha e onde a molecada (pintinhos) se agrupavam com suas mães todas as noites para dormir.
Valdeci conhecia cada galinha e cada filhote dela.
E, se preocupava em recolher as que não queriam ir para o abrigo colocando em sua camisetona um bando de pintinho na tentativa de levar a mãe pra dentro, Como as mães não abandonam seus filhos, a galinha seguia Val reclamando até o lugar de passar a noite.
Cada uma tinha seu ninho.
Então a Val colocava os pintinhos no ninho e a galinha subia indo abrigá-los e daí parava a “piação”... eles paravam de reclamar e dormiam tranquilamente agasalhado pelas Mães.
Sempre havim mais de 15 galinhas chocando, mas todas as noites a Val levantava galinha por galinha contava os pintinhos e muitas vezes trocava os filhotes que estavam perdidos com outras mães.
As galinhas tratam todos os pintinhos como se fossem seus, elas não distingue nem discrimina filhote algum...
Existiam até aquelas galinhas mais compulsivas que roubavam os filhotes alheios, mas a Val sempre os destrocava.
A coisa era perfeita e dentro da Val, a grande preocupação era com a vida e com a sequência da vida, por exemplo cada galinha que botava, seu ovo era marcado e quando por ocasião de chocar estes ovos retornariam para a mesma galinha que os botou, Daí sairiam com certeza irmãos e filhos da mesma mãe.
Isto pode parecer ridículo, mas é a forma de amar de uma pessoa que queria preservar a família, que ama o que faz e vive o que Ama.
Nós não tivemos filhos, mas tivemos como nossos, todos os seres vivos que pudemos manter e proporcionar vida.
Quando as letras passam por baixo da ponte eu as leio, com saudades e principalmente entendo como pude conquistar meus passos e a pouca sabedoria que tenho hoje.
Grande parte de minha sabedoria, foi em função do Amor de uma mulher... Valdeci.
Muita gente pode não entender porque sempre eu tento falar sobre ela e nosso amor, mas eu sei porque falo e o que sinto por ela.
Então me importo muito com ela e gostaria que as pessoas pudessem aprender com os exemplos que somos capazes de dar, porque o que pregamos e falamos e dizemos é o que vivemos.
E, as frases continuam passando por baixo da ponte e, já não sei dizer qual tempo vivo, mas continuo lendo e as colocando em ordem para que possam ser lidas e entendidas.
Não vivi de amor somente, tivemos momentos onde a força do espírito de cada um de nós foi determinante para que pudéssemos seguir avante e crescer.
Talvez por isto que nossos abraços sempre nos fortaleceram porque contávamos apenas um com o outro.
Cumplicidade... a essência que mantém a chama da vida...
Estar junto no limiar da pobreza, na miséria e com certeza até o momento de poder sustentar o capricho de poder escolher a marca de um sabonete, uma pasta de dentes ou um desodorante é um orgulho que trazemos em nossos peitos.
Neste momento, não me emociono pelas dificuldades que vivi, mas sim pela forma que conseguimos nos unir para vencê-las.
A união é a Mãe de todas as forças.
Por isto não entendo como duas pessoas podem viver dentro do mesmo teto e serem tão ausentes e distantes umas das outras.
A desunião é a mãe de todas as desgraças.
A desgraça não está esperando você passar pela estrada para pegá-lo, pois ela caminha com você dentro das desuniões que você carrega.
Tente então entender com quem você anda, como caminha para entender o que te acompanha.
Enquanto as letras palavras e frases continuarem passando por baixo de minha ponte, estarei escrevendo para tentar demonstrar com palavras o que vivi... pois este texto não termina aqui, e o prefácio de meu livro que se chamará “Todas as águas que rolaram por baixo de minha ponte”...

Léo S.Bella
21/09/2012

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